sexta-feira, 24 de julho de 2020
segunda-feira, 28 de agosto de 2017
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
Transplantes, Eutanásia, distanásia, ortotásia e mistanásia
Transplantes, Eutanásia, distanásia,
ortotásia e mistanásia
Mini-curso de extensão em Bioética para residentes da SES/DF
Por que
as pessoas morrem?
• Resposta
tácita para a medicina: devido aos hábitos não-saudáveis das pessoas.
• Como
viver bem com o envelhecimento e o declínio e como cuidar bem daqueles que
sofrem doenças debilitantes como a doença de Alzheimer?
• A
reflexão ética pode dar respeito ao processo do envelhecimento humano.
• É a aceitação do nosso próprio processo de envelhecimento é que abrirá as portas para o cuidado solidário e o enfrentamento no momento final da vida.
Envelhecemos
e somos finitos
• Envelhecer
é um processo natural do crescimento do ser humano, que se inicia com o
nascimento e termina com a morte.
• Cada ser
humano é uma pessoa única, sendo que a experiência de vida nos personaliza.
Viver não é pura e simplesmente existir, mas é desfrutar de qualidade de vida.
• Com a idade, mudanças na aparência e comportamento acontecem, mas não diminuem o valor da pessoa humana. Cada fase do viver apresenta mudanças que são respostas a determinadas tensões no curso da vida.
A
dimensão temporal da vida humana
• Os
humanos não são simplesmente vítimas da velhice; esta não é uma experiência
puramente passiva. Envelhecer requer autopossessão e integração, como qualquer
outro estágio da vida.
• A velhice terá um sentido no fim somente se a vida tiver um sentido no seu todo.
Os idosos
são nossos mestres
• O
envelhecimento faz parte da vida e não precisa ser escondido ou negado. Sem a
presença dos idosos poderíamos esquecer que estamos envelhecendo: eles são
nossos profetas, fazem nos ver o processo pelo qual estamos participamos.
• Precisamos permitir que os idosos sejam nossos mestre, restaurando nossa comunicação interrompida entre as gerações.
O
Envelhecer como caminho para as trevas
• Nosso
cultura da obsolescência trata os idosos como algo descartável:
• Segregação
• Desolação
• Perda do eu
O
envelhecer como caminho para a luz
• O idoso é
alguém que irrompe no nosso mundo e que nos ensina que a vida não é um problema
a ser resolvido pela informática, mas um mistério a ser descoberto e vivido no
amor, a cada dia.
• Esperança,
humor e visão.
• Esperança:
é o desapego que torna a esperança possível e exige uma mudança de percepção do
tempo e da morte, por volta da meia-idade.
• Humor: é
uma grande virtude, porque nos faz ver o mundo e nós mesmos de uma forma não
tão sisuda.
• Visão: olhar para além dos limites de própria existência, em direção à luz que parece envolvê-los com carinho e bondade.
Diferentes
perspectivas para conceituação da morte:
• Morte
clínica: parada cardíaca, respiratória e midríase paralítica – pode ser
reversível;
• Morte
biológica (ou vital): progressão da morte clínica – é irreversível;
• Morte
óbvia: diagnóstico é inequívoco;
• Morte
encefálica: sinônimo de morte biológica;
• Morte
cerebral: não é encefálica – é a perda da consciência da respiração;
• Morte
jurídica: termina a existência da pessoa natural;
• Morte psíquica: a percepção psicológica antecede (tempo variável (a morte biológica).
• Se o indivíduo está morto, não há mais espaço para discutir a eutanásia.
Debate:
ciência X filosofia
• Não é a
morte o que realmente importa, mas sim o seu processo, a certeza de que a vida
se enveredou por um “caminho” sem volta, o qual desembocará no Hades!
• Não se
pode tentar fundamentar o debate ético da eutanásia em um estudo
presumivelmente científico.
• O ocaso, como evento, não é a questão central para se lidar moralmente com a eutanásia, mas, o seu processo, o qual tem um âmago genuinamente filosófico.
Princípio
da autonomia
• A resposta a esses dilemas éticos passaria pelo debate realizado no campo da ética e da tradição das ciências humanas e sociais da autonomia pessoal: “em caso de conflito de interesses e de direitos, o direito da autodeterminação tem uma prioridade léxica sobre os demais direitos no contexto de decisões referentes à vida e à morte de seu titular: a pessoa em princípio é mais qualificada para avaliar e decidir o rumo de sua vida”.
Vídeo sobre Transplantes
• Perguntas
para debater nos Grupos:
• Numa
situação como essa, como o médico deve agir?
• Qual o
impacto pessoal, familiar e social da decisão tomada pelo pai?
• A
abordagem à família pela médica, foi correta?
• Seria correto a família do doador conhecer a do receptor?
Mascaramento
da morte
• Para os
filósofos existencialistas “o homem morre a cada dia”, no momento em que
nascemos começa a nossa contagem regressiva para a morte. A cada dia que passa
mais perto da morte nós estamos.
• Nossa
sociedade hedonista procura não nos trazer problemas, mas apenas falar do
prazer, do belo, do sadio, da juventude...
• A morte e
o velho são escondidos.
• Os hospitais procuram se parecer com hotéis, com estrelas para classificá-los, os cemitérios são jardins, para tirar o ar triste.
A morte
no séc. XIX: Elizabeth Kübler- Ross (“Sobre a morte e o morrer”)
• Era um
evento familiar, um evento público, marcado por características diferentes
daquelas que vivemos hoje.
• Veja o exemplo da morte do papa João Paulo II.
A morte
no séc. XX e XXI - Tanatologia
• A morte é
um evento isolado, as pessoas morrem sozinhas na UTI, sem os familiares, apenas
com os enfermeiros e médicos.
• A morte é um acontecimento particular.
Falar
sobre a morte
• A maioria
dos pacientes terminais sente a necessidade de ter alguém com quem conversar
sobre a morte.
• Mas, os
familiares e amigos se negam falar disso com o paciente.
• Essa função acaba sendo do ministro religioso.
Questionamentos
• Até onde
utilizar da tecnologia e dos meios que dispomos para manter a vida?
• A medicina
vive no dilema da vida e da morte. Quando estabelecer seu início e fim?
Resolução 1997: CFM: Morte encefálica.
• O “ruah” = sopro da vida.
Distinguindo
os termos:
• Eutanásia (do grego
ευθανασία - ευ "bom", θάνατος "morte")
é a prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira
controlada e assistida por um especialista.
• A palavra eutanásia tem sido utilizada de maneira confusa e ambígua, pois tem assumido diferentes significados conforme o tempo e o autor que a utiliza. Várias novas palavras, como distanásia, ortotanásia, mistanásia, têm sido criadas para evitar esta situação. Contudo, esta proliferação vocabular, ao invés de auxiliar, tem gerado alguns problemas conceituais.
Eutanásia
ativa e passiva
•
A "eutanásia ativa" conta com o traçado de ações que têm
por objetivo pôr término à vida, na medida em que é planeada e negociada entre
o doente e o profissional que vai levar e a termo o ato.
• A "eutanásia passiva" por sua vez, não provoca deliberadamente a morte, no entanto, com o passar do tempo, conjuntamente com a interrupção de todos e quaisquer cuidados médicos, farmacológicos ou outros, o doente acaba por falecer. São cessadas todas e quaisquer ações que tenham por fim prolongar a vida. Não há por isso um ato que provoque a morte (tal como na Eutanásia Ativa), mas também não há nenhum que a impeça (como na Distanásia).
Distanásia
• Distanásia
é a agonia prolongada, é a morte com sofrimento físico ou psicológico do
indivíduo lúcido. Este termo foi proposto por Morache, em 1904, em seu livro
"Naisance et mort", publicado em Paris, pela editora Alcan.
• O termo
também pode ser empregado como sinônimo de tratamento inútil.
• Ninguém precisa manter sua vida ordinária de uma forma extraordinária.
Ortotanásia
•
É a atuação correta frente a morte. É a
abordagem adequada diante de um paciente que está morrendo. É a morte digna na
vida terminal.
•
Ela pode, desta forma, ser confundida
com o significado inicialmente atribuído à palavra eutanásia.
• Ela poderia ser associada, caso fosse um termo amplamente, adotado aos cuidados paliativos adequados prestados aos pacientes nos momentos finais de suas vidas.
Mistanásia
•
É também chamada de eutanásia social.
Leonard Martin sugeriu o termo mistanásia para denominar a
morte miserável, fora e antes da hora.
•
Segundo este autor, há três situações
possíveis:
•
A grande massa de doentes e deficientes
que, por motivos políticos, sociais e econômicos, não chegam a ser pacientes,
pois não conseguem ingressar efetivamente no sistema de atendimento médico;
•
Os doentes que conseguem ser pacientes
para, em seguida, se tornar vítimas de erro médico; e,
•
Os pacientes que acabam sendo vítimas de
má-prática por motivos econômicos, científicos ou sociopolíticos.
• A mistanásia é uma categoria que nos permite levar a sério o fenômeno da maldade humana.
Cuidados
Paliativos
• É comum
na prática médica prolongar a vida a qualquer custo (e muitas vezes com
sucesso).
• A morte,
desta forma, passa a ser entendida como um fracasso e por este motivo deve ser
“escondida”.
• Ajudar indivíduos com doenças terminais e seus familiares nesse momento difícil é um modelo de atenção à saúde que vem sendo denominado “cuidados paliativos”.
Quatro
categorias de cuidados paliativos
• Quatro
categorias de cuidados paliativos podem ser realizados: controle de sintomas,
organização de serviços, aspectos psicossociais e espirituais.
• Na primeira categoria pode-se falar em controle da dor e outros sintomas; atenção à fase terminal da doença, e aspectos éticos das intervenções.
2ª e 3ª
Categorias
• Na
segunda categoria: papel da equipe interdisciplinar; as experiências
particulares de cada instituição; as discussões sobre modelos de atenção; o
papel da educação e formação de recursos humanos; e, as iniciativas de controle
da qualidade de serviços.
• Na terceira categoria: o impacto da doença terminal nos indivíduos e familiares; os transtornos psicológicos mais freqüentes; os programas de apoio psicossocial no período da doença e após a morte; e os transtornos psicológicos na equipe de saúde.
Aspectos
espirituais
• Na quarta
categoria: discutem o papel do apoio espiritual nos cuidados ao indivíduo em
fase terminal da doença.
• É
importante reafirmar a integração dos princípios dos programas de saúde pública
para os cuidados paliativos, com a finalidade de melhorar a qualidade de vida
dos indivíduos com câncer.
• Entender o impacto do câncer nos indivíduos é essencial para estabelecer estratégias de cuidados.
Hospice
• Os
cuidados paliativos podem e devem ser oferecidos o mais cedo possível no curso
de qualquer doença crônica potencialmente fatal, para que esta não se torne
difícil de tratar nos últimos dias de vida.
• Atualmente, vêm sendo empregados com mais freqüência e indistintamente os termos cuidados paliativos, medicina paliativa, hospice (sem tradução para o português), nursing ou residential homes (asilos ou casas de repouso).
Seis
princípios
• Os
cuidados paliativos desenvolveram-se como uma resposta às contínuas
dificuldades em cuidar dos indivíduos com câncer e suas famílias.
• Há seis princípios: valorizar a vida e considerar a morte como um processo natural; nem abreviar nem prolongar a vida; prover o alívio da dor e outros sintomas; integrar os aspectos psicológicos e espirituais dos cuidados, permitindo oportunidades para o crescimento; oferecer uma equipe interdisciplinar e um sistema de suporte para a família durante a doença do indivíduo e no período de enlutamento.
O
princípio de não matar
• Os seres
humanos têm um status moral que requer que a vida, especialmente a vida
inocente, não seja tomada por mãos humanas (a vida é sagrada).
• Como
tratamos pacientes que estão criticamente ou terminalmente doentes, mas que
ainda estão vivos de acordo com a definição legal de morte.
• É
aceitável matar por misericórdia ou abrir mão do tratamento?
• 4 distinções são fundamentais: entre matar e deixar morrer; entre parar e não começar um tratamento; entre morte direta e indireta; e entre meios comuns e extraordinários.
A morte e
o ato de morrer: o paciente incapaz
• Existe
bastante consenso para os pacientes capazes, no entanto há um caos quando se
trata dos pacientes incapazes: médicos e outros profissionais de saúde não
sabem como lidar com as decisões de interrupção de tratamento.
• Há 3
tipos diferentes de pacientes incapazes e cada um deles deve ser tratado de
forma distinta:
• Pacientes
que já foram capazes
• Pacientes
que nunca foram capazes e que não possuem família
• Pacientes que nunca foram capazes e que possuem família.
Trabalho
de Grupo: 9 grupos
Passos
para os Grupos:
• Ler o
texto individualmente;
• Fazer o
seguinte exercício:
• O que o
texto relata?
• Descubra 2 perguntas bioéticas que o texto faz com relação ao tema tratado.
Referências
PESSINI, Leo. “Bioética, envelhecimento humano e dignidade no
adeus à vida”. In FREITAS, E.V.;
PY, L., A. L.; CANÇADO, F. A. X.; DOLL, J. & GORZONI, M.L. (orgs.). Tratado
de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006, 2ª
ed.; pp.154-163.
terça-feira, 4 de novembro de 2014
Aborto e Reprodução Assistida
A aula do dia 03 de novembro sobre Aborto e Reprodução Assistida está disponível no Prezi em
http://prezi.com/njy-epp8hnje/?utm_campaign=share&utm_medium=copy&rc=ex0share
http://prezi.com/njy-epp8hnje/?utm_campaign=share&utm_medium=copy&rc=ex0share
sábado, 1 de novembro de 2014
Aula: Ética na Pesquisa. Pesquisa com seres humanos: autonomia e consentimento livre e esclarecido
A Aula do dia 31/10/2014 sobre "Ética na Pesquisa. Pesquisa com seres humanos: autonomia e consentimento livre e esclarecido", está disponível no Prezi em:
http://prezi.com/t6h6sinrllk3/?utm_campaign=share&utm_medium=copy&rc=ex0share
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
Dilemas Éticos - exercício introdutório para debater em grupo em busca de consensos
DILEMAS ÉTICOS
Vivemos certas situações, ou
sabemos que foram vividas por outros, como situações de extrema aflição e
angústia e que nem sempre há uma resposta única ou que nos coloca em um dilema
ético. Veja os casos abaixo e debata no grupo, qual poderia ser a resposta do
grupo.
1º CASO:
Uma
pessoa querida, com uma doença terminal,
está viva apenas porque seu corpo está ligado a máquinas que a conservam. Suas
dores são intoleráveis. Inconsciente, geme no sofrimento. Não seria melhor que
descansasse em paz? Não seria preferível deixá-la morrer? Podemos desligar os
aparelhos? Ou não temos o direito de fazê-lo? Que fazer? Qual a ação correta?
2º CASO:
Uma
jovem descobre que está grávida. Sente que seu corpo e seu espírito ainda não
estão preparados para a gravidez. Sabe que seu parceiro, mesmo que deseje
apoiá-la, é tão jovem e despreparado quanto ela e que ambos não terão como se
responsabilizar plenamente pela gestação, pelo parto e pela criação de um
filho. Ambos estão desorientados. Não sabem se poderão contar com o auxílio de
suas famílias (se as tiverem). Se ela for apenas estudante, terá que deixar a
escola para trabalhar, a fim de pagar o parto e arcar com as despesas da
criança. Sua vida e seu futuro mudarão para sempre. Se trabalha, sabe que
perderá o emprego, porque vive numa sociedade onde os patrões discriminam as
mulheres grávidas, sobretudo as solteiras. Receia não contar com os amigos. Ao
mesmo tempo, porém, deseja a criança, sonha com ela, mas teme dar-lhe uma vida
de miséria e ser injusta com quem não pediu para nascer. Pode fazer um aborto?
Deve fazê-lo?
3º CASO:
Um
pai de família desempregado, com vários filhos pequenos e a esposa doente,
recebe uma oferta de emprego, mas que exige que seja desonesto e cometa
irregularidades que beneficiem seu patrão. Sabe que o trabalho lhe permitirá
sustentar os filhos e pagar o tratamento da esposa. Pode aceitar o emprego,
mesmo sabendo o que será exigido dele? Ou deve recusá-lo e ver os filhos com
fome e a mulher morrendo?
4º CASO:
Um
rapaz namora, há tempos, uma moça de quem gosta muito e é por ela
correspondido. Conhece uma outra. Apaixona-se perdidamente e é correspondido.
Ama duas mulheres e ambas o amam. Pode ter dois amores simultâneos, ou estará
traindo a ambos e a si mesmo? Deve magoar uma delas e a si mesmo, rompendo com
uma para ficar com a outra? O amor exige uma única pessoa amada ou pode ser
múltiplo? Que sentirão as duas mulheres, se ele lhes contar o que se passa? Ou
deverá mentir para ambas? Que fazer? Se, enquanto está atormentado pela
decisão, um conhecido o vê ora com uma das mulheres, ora com a outra e,
conhecendo uma delas, deve contar a ela o que viu? Em nome da amizade, deve
falar ou calar?
5º CASO:
Uma
mulher vê um roubo. Vê uma criança maltrapilha e esfomeada roubar frutas e pães
numa mercearia. Sabe que o dono da mercearia está passando por muitas
dificuldades e que o roubo fará diferença para ele. Mas também vê a miséria e a
fome da criança. Deve denunciá-la, julgando que com isso a criança não se
tornará um adulto ladrão e o proprietário da mercearia não terá prejuízo? Ou
deverá silenciar, pois a criança corre o risco de receber punição excessiva,
ser levada para a polícia, ser jogada novamente às ruas e, agora, revoltada,
passar do furto ao homicídio? Que fazer?
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