1. INTODUÇÃO
Explicar o fenômeno religioso referente aos pacientes em tratamento de câncer é sempre um
desafio. Devido a complexidade da situação, toda a equipe multidisciplinar precisa trabalhar junto com o paciente e a família. Entretanto a enfermagem é a equipe que os acompanham 24 horas por dia, daí a necessidade de compreender todas as etapas da doença numa visão global, isto é, não somente sinais e sintomas que surgem ao longo do problema em questão.
Sabe-se que doença significa pela organização mundial da saúde (OMS) como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas pela ausência de doenças ou enfermidades (OMS, 1946). Desta maneira, doença no geral é uma ameaça à vida - golpeia, atinge cada pessoa envolvida em sua totalidade biopsicossocial, mas, igualmente, nos aspectos espirituais. Portanto, a assistência necessita abranger estas dimensões: afetiva/ emocional, psicossocial e espiritual desse paciente e dos cuidadores (familiares e profissionais de saúde).
Estudiosos cada vez mais estão preocupados em apresentar um modo de compreender como os profissionais de saúde (dentista, médicos residentes e contratados, enfermeira, auxiliar de enfermagem, psicóloga) percebem a religiosidade e a espiritualidade de seus pacientes sem possibilidades terapêuticas, e como esses profissionais vivenciam a sua própria espiritualidade. Estudos sobre temas referentes à psico-oncologia, religiosidade e espiritualidade vêm crescendo no Brasil e no exterior.
2. AVALIAÇÃO BIOÉTICA
Por meio de um levantamento bibliográfico foi verificado que a maioria dos estudos referente a temática: O fenômeno religiosos e sua visão pelos profissionais de saúde, enfoca, como objetivo, questões sobre a morte e o morrer na avaliação bioética. O termo bioética foi apresentado pela primeira vez pelo oncologista Potter, em 1971, em sua obra Bioethics -Bridge to the Future. É definida como "o ramo da ética que enfoca questões relativas à vida e à morte, propondo discussões sobre alguns temas, entre os quais: prolongamento da vida, morrer com dignidade, eutanásia e suicídio assistido ( KOVÁCS, 2003).
Nas ciências da saúde, especificamente, preocupou-se com as condutas médicas e a relação médico-paciente. Apresenta-se indispensável ao profissional de saúde superar as dificuldades inerentes à relação médico/paciente baseada na “tentação tecnológica”, isto é, de ver o paciente apenas por partes. É necessário reunir o todo desse indivíduo e estabelecer um compromisso com a vida, respeitando-os como qualquer ser humano merece ( ESPINDULA;VALLE;BELLO, 2010).
Em um estudo sobre bioética e profissionais de saúde, afirma que muitas vezes o pedido do paciente para abreviação de sua vida, pode não ser um verdadeiro desejo de eutanásia, mas, talvez, um anseio angustiado por ajuda, atenção, amor e afeto, que transpõe o âmbito dos cuidados médicos e que, por essa razão, deve ser escutado por todos que o cercam, sejam médicos, psicólogos, enfermeiros, pais, filhos ou amigos. Diante, pois, dessa concepção, que procura tomar o ser humano em sua totalidade frente às questões da morte e do morrer, o campo da saúde, com seus diversos profissionais, viu-se envolvido em inesperadas e complexas decisões morais e éticas (TEIXEIRA; LEFÈVRE, 2003).
2.1. A VISÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NA RELIGIOSIDADE
Em um estudo com profissionais de saúde que lidam com pacientes terminais, a maioria dos profissionais de saúde se diz espiritualista, dois são católicos, um médico se diz budista e uma médica espírita. Acreditam que a religião é inerente a todo ser humano. Os convictos de suas religiões creem na proteção divina e reconhecem a religiosidade como sustento e conforto para o paciente e seus familiares enfrentarem a situação de adoecimento. Eles esperam que esses enfermos vivam a sua fé com prudência e sempre aderindo à realidade (TEIXEIRA; LEFÈVRE, 2003).
Em um estudo extraído de uma tese de doutorado na Escola de Enfermagem de Ribeirão preto, tratou de estudar a visão da enfermagem diante da fé religiosa de seu paciente, ou seja, reconhecer sua dimensão espiritual, na medida em que essa lhe traz estímulo, coragem e esperança para encarar a própria doença. Nele, sinalizam também que é importante ter um psicólogo e um capelão preparados para ouvir os pacientes e procurarem estar em sintonia espiritual com esses, porque essa postura pode ter o papel de auxiliar os pacientes a construir um sentido ao viver um sofrimento inerente à doença, o que poderia facilitar, para os profissionais de saúde, a dimensão do cuidado ao enfermo ( ESPINDULA;VALLE;BELLO, 2010).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a formação profissional, por meio dos estudos citados, há um despreparo emocional e um déficit na formação acadêmica destes profissionais da saúde para trabalhar com pacientes terminais.
Espera-se , assim, trazer inspiração aos profissionais da área de saúde, assim como os professores a desenvolverem nos alunos a sua humanidade e prepará-los para lidar com a tríade paciente-equipe-família. A vivência religiosa de cada um deles varia conforme o modo de apreender o sentido da vida e o da morte, o da doença e o da saúde ( ESPINDULA;VALLE;BELLO, 2010).
Os profissional de saúde deveria ser o meio para ajudar o paciente a retomar o sentido de sua vida, mesmo o paciente tendo noção que está grave e que poderá morrer a qualquer hora. Como se poderia fazer isso? Ajudando-o a se perceber e a se conhecer nesse processo. Com isso, a equipe pode ser um elo de apoio, conforto e esperança de um futuro para o paciente e sua família, mesmo que, às vezes, a cura não ocorra.
Espera-se, também que, os profissionais de saúde independente da profissão, se perguntem se não terão o direito de buscar o apoio de uma religião, para melhor conviverem com a situação de doença em si mesmos, e em seus pacientes, ajudando-os assim, a viverem a possibilidade de uma morte mais digna.
4. REFERÊNCIAS
ESPINDULA, JA. VALLE, ERM. BELLO AA. Religião e espiritualidade: um olhar de profissionais de saúde.
Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet]. Nov-dez 2010. Acesso em: Nov de 2012. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v18n6/pt_25.pdf.
KOVÁCS MJ. Bioética nas questões da vida e da morte.
Rev. Psicologia USP. São Paulo
, 2003. Acesso em: Nov de 2012. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642003000200008
OMS.
Carta da Organização Mundial de Saúde, 1946.[citado 2009 out 18]. Acesso em: Nov de 2012. Disponível em
http://www.onuportugal.pt/oms.doc.
PONTES, Angela Cristina. ESPÍNDULA , Joelma Ana. VALLE, Elizabeth R.
Bioética e profissionais de saúde: algumas reflexões. Centro Universitário São Camilo. São Paulo, 2007. Acesso em: Nov de 2012; Disponível em: http://www.saocamilo-sp.br/pdf/bioethikos/54/Bioetica_e_profissionais.pdf
TEIXEIRA JJV, LEFÈVRE F.
Humanização nos cuidados de saúde e a importância da espiritualidade: o discurso do sujeito coletivo - psicólogo.
Rev O Mundo da Saúde. São Paulo, 2003. Acesso em: Nov de 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010411692010000600025&script=sci_arttext&tlng=pt