terça-feira, 23 de outubro de 2012

VIVER PELA FÉ


                                                              VIVER PELA FÉ

1 - INTRODUÇÃO

            Vários estudos tem demonstrado a importância da fé na melhoria da qualidade de vida dos idosos. Posto isso, o objetivo desse texto é compartilhar a minha percepção da vivência pela fé de uma idosa.

2 - DESENVOLVIMENTO 

            No Brasil, é considerado idoso quem atinge a idade de 60 anos. É muito interessante chegar a essa faixa etária e se perceber enquanto indivíduo capaz de produzir e sonhar, pois quando se é jovem ou adulto são feitos planos para o futuro, mas a velhice não é contemplada nesse planejamento ou é vista como uma fase em que se estará incapacitado.  
            Durante a rotina diária, os seres humanos são felizes; têm vitórias, tanto materiais como espirituais; sofrem decepções; perdas materiais e afetivas. Todos esses acontecimentos; o relacionamento com Deus, com a Natureza e com outros seres humanos constroem e modificam as percepções que se tem do mundo, muitas vezes sem que as pessoas percebam esse processo.
            Os filhos cumprem o ciclo da vida, são crianças, adolescentes,  jovens , adultos, e então a esperada aposentadoria chega. Nesse momento, o idoso olha para o seu passado e faz uma reflexão sobre o sentido da vida e onde ainda irá chegar.
A Bíblia Sagrada define o que é fé no livro de Hebreus capítulo 11, versículos 1, 2, 3 e 6: “A fé é a certeza que  vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver. Foi  pela fé que as pessoas do passado conseguiram a aprovação de Deus. É pela fé que entendemos que o Universo foi criado pela palavra de Deus e que aquilo que pode ser visto foi feito daquilo que não se vê. Sem fé ninguém pode agradar a Deus, porque quem vai a ele precisa crer que ele existe e que recompensa os que  procuram conhecê-lo melhor”.
A história do ser humano é feita de escolhas que tem consequências boas ou ruins. Algumas dessas escolhas culminam em crises, nas quais oportunidades desaparecem, amigos e parentes não oferecem apoio. Nesse momento, muitas pessoas iniciam uma caminhada baseada na fé e isso é uma decisão a ser tomada, uma vez que a fé não é inata. E nesse momento acontece uma revisão de prioridades sobre o que é realmente importante e o que é supérfluo; o que vale mais, o ter ou o ser; a valorização da capacidade de superação de dificuldades, o que as tornam menos expostas a frustrações.
A fé tem o papel de impulsionar o indivíduo a continuar sonhando, construindo, buscando manter o sentido da vida; apesar das dificuldades e perdas que continuam existindo.

3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Diante do exposto acima, a fé funciona como um bálsamo para aqueles que passam por dificuldades e vale a pena tomar a decisão de ter fé e cultivá-la.

4 - REFERÊNCIAS               
                                                                                              
GOLDSTEIN, Lucila L.; SOMMERHALDER, Cinara. O papel da espiritualidade e da religiosidade na vida adulta e na velhice. In: FREITAS, E. V. et al (Org.) Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006, 2ª ed., pp.1307 -1314.
SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL. Bíblia Sagrada. Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri, 2000. Cap. 11, v. 1, 2, 3, 6, p.186.





segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O direito de decidir




O DIREITO DE DECIDIR

1. INTRODUÇÃO

            O testamento vital (TV) surgiu no Brasil como opção democrática de o paciente optar por sua vida antes que se lhe ocorra seu estágio terminal. O tema tomou proporções maiores depois que o Conselho Federal de Medicina publicou a Resolução CFM 1.995, de nove de agosto de 2012, estabelecendo as diretivas antecipadas de vontade como conjunto de desejos manifestados pelos pacientes (SOUSA, 2012). 
            O novo instrumento determina que a vontade do paciente em estágio terminal deve ser conhecida, registrada e respeitada pelo seu médico. Permite ao paciente registrar, por exemplo, que não ser mantido vivo com a ajuda de aparelhos, nem submetido a procedimentos invasivos ou dolorosos é uma opção legal.
            Uma novidade que vem junto com a resolução é que, a partir de agora, o comitê de bioética dos hospitais terá propriedade para tomar decisões. Antes, era apenas consultivo. Isso ocorrerá no caso de o paciente não ter um testamento vital, e a família não chegar a nenhum acordo sobre a resolução. Além do comitê, a equipe médica também pode tomar decisões, podendo buscar auxílio de outros profissionais da saúde.
            Vinculado ao movimento dos cuidados paliativos, o tema envolve uma série de debates éticos. Embora alguns setores isoladamente possam discordar da medida, Moacir Arus, professor de medicina legal da UFRGS e chefe do serviço de dor e medicina paliativa do Hospital de Clínicas, por exemplo, explica que trata-se de uma ortotanásia, ou seja, morte no tempo certo e natural, impedindo sofrimento extremo muitas vezes desencadeado pelos próprios tratamentos. Não se pode confundir com eutanásia, que é a interrupção da vida de forma ativa. Trata-se de evitar uma distanásia, ou seja, a morte sofrida, prolongada e sem perspectivas de qualidade.

2. TESTAMENTO VITAL E SUAS REPERCUÇÕES

            A decisão do Conselho Federal de Medicina (2012), muda a conduta do médico brasileiro ao reconhecer a legitimidade do testamento vital, documento no qual os pacientes registram o tratamento que desejam receber quando a morte se aproxima.
            O testamento vital é um documento pessoal e intransferível, cujo objetivo é fazer valer as escolhas individuais relativas aos tratamentos médicos em um quadro terminal. Atualmente, como a resolução do testamento vital tem força de lei entre os médicos, o profissional que não a respeitar pode ser punido até mesmo com a perda do registro. Muitas pessoas criticam o testamento vital por achar que exista uma condição apelativa à morte, e não, ao que todo ser humano deve aclamar: a vida!
            O perfil do paciente terminal tem mudado radicalmente. Até pouco tempo atrás, a imagem do doente terminal restringia-se ao idoso preso a aparelhos de uma UTI, por exemplo. Com os avanços da medicina, no entanto, o tempo de vida do portador de um quadro terminal aumentou exponencialmente (LOPES, CUMINALE, 2012).
            Atualmente, os pacientes terminais podem agora ter qualidade de vida durante um período de tempo mais longo. A criação de UTI mais tecnológicas fez com que a vida sustentada artificialmente adiou a morte. Com o aperfeiçoamento dos exames de imagem, o refinamento dos medicamentos e a criação de máquinas para a sustentação artificial da vida, os portadores de doenças crônicas graves artificialmente vivem mais.
            O documento TV reflete as preferências de cuidados e tratamento de uma pessoa a ser aplicadas quando incapaz de se expressar. Nesta lei, a autonomia é definida não apenas por seus aspectos instrumentais ou a execução de atividades, mas também a capacidade de lidar e tomar decisões pessoais sobre como viver de acordo com suas próprias preferências.
            Na Espanha, por exemplo, a validade jurídica da TV é muito nova, porém mais cidadãos que procuram preencher um documento desta natureza. Com toda a probabilidade, nos anos esta ferramenta para ajudar a tomada de decisões no final da vida, que afeta principalmente pessoas com mais de 65 anos, mais velho, a partir de agora, torna-se uma questão de grande interesse. Por esta razão, parece aconselhável realizar uma revisão completa das contribuições teóricas e práticas sobre este tema mais relevante (CANTALEHOS, 2008).
            Nos Estados Unidos, o país experimentou pelo menos quatro fases, dependendo da abordagem em todos os momentos que foi implantado a TV (CANTALEHOS, 2008):
  1. Fase pré-legislativa: nesta fase, a TV é usada de forma defensiva. Seu uso foi promovido principalmente por associações de morrer com dignidade. Nesse período, o termo foi cunhado TV. Sua origem é do final dos anos 60 e é atribuído a um primeiro trabalho de Luis Kutner. Como "descritor", a TV prazo (vontade de estar) foi usado pela primeira vez em 1974, no Medical Subject Headings (MeSH). Em termos jurídicos, a legislação estadual surgiu na Califórnia em 1976. A partir deste ponto, o desenvolvimento legislativo espalhados em quase todos os estados ganhou o debate sobre o assunto na medicina.
  2. Fase legislativa (até 1990): na década de 80 e após o impulso decisivo que levou o relatório da Comissão do Presidente nas decisões sobre o fim da vida e de suporte da vida, começou a desenvolver novos projetos legislativos da TV e estar regularmente especificados em revistas biomédicas. Nesta primeira fase, são realizadas revisões de literatura que resumem e conceituam as experiências mais influentes até agora. O estudo mais importante foi o do Instituto Kennedy de Ética em 1991.
  3. Fase iniciativa de implementação (1990-1995): a fase legislativa recebe a sua consolidação definitiva com a entrada em vigor em 1991 da Lei de Autodeterminação do Paciente nos EUA. Neste período, multiplicado estudos de investigação sobre o uso dessas ferramentas, entre as quais o melhor exemplo é o estudo APOIO, mais de quatro anos, mais de nove mil pacientes e um resultado significativo. Os objetivos do suporte foram basicamente três: 1) informar o prognóstico de pacientes criticamente doentes no final da vida, 2) descrever a forma como as decisões de tratamento são feitas, incluindo a influência dos valores e preferências dos pacientes e da família, e 3) melhorar a tomada de decisões a partir da perspectiva do clínico e do paciente.
  4. Fase "Planejamento futuro para Decisões de Saúde" (1995-2000): em setembro de 1993, um grupo de 33 bioeticistas americanos famosos começaram a se encontrar no âmbito de um projeto de investigação do Centro Hastings para refletir sobre o papel que deve desempenhar a TV na tomada de decisão clínica. Nestes processos, a TV poderia desempenhar um papel importante, mas que não seria o objetivo final, mas a ferramenta de trabalho. O planejamento da assistência foi um termo introduzido em adiantamento pela Bioethicsline Thesaurus, em 1998. A fim de desenvolver esta nova abordagem foi necessária para atender o emocional, o cultural e a moral em que uma pessoa mais velha toma decisões no final de sua vida. Para estudar estes fenômenos, o método quantitativo começou a ser insuficiente. Por esta razão, desde 1995 e até hoje, a literatura americana sobre a experiência de TV obteve uma mudança para o conceito de planejamento futuro que vem utilizando técnicas de pesquisa qualitativa. Linda L. Emanuel faz parte de um projeto de educação ambiciosa e atraente continuada dos profissionais de saúde sobre os cuidados no fim da vida que ocorre nos EUA, chamado de EPEC Project (Projeto para educar os médicos sobre o cuidado com a vida), uma iniciativa do Instituto de Ética da AMA (Associação Médica Americana), que foi desenvolvido com o apoio financeiro da Fundação Robert Wood Johnson. O projeto visa à formação de profissionais de saúde sobre cuidados de saúde norte-americanos no final da vida, através da realização de um curso que combina módulos presenciais e virtuais, abrangendo todos os aspectos técnicos, psicológicos, éticos e espirituais da saúde. O Projeto EPEC é parte da crença de que somente através da educação pode-se ter no futuro a opção de exercer controle sobre o fim da vida. Progresso no caminho do planejamento requer maturação social intensa e participação em um clima de deliberação democrática sobre os projetos, pessoais e coletivas, sobre a vida, a saúde, doença e morte (CANTALEHOS, 2008).
  5. Fase social e comunitária: melhorar a qualidade dos cuidados no fim da vida (século XXI). Desde 2000, pode-se dizer que uma nova fase, a partir do ponto de vista clínico, legislativo e judiciário foi alcançada. Nela, todo o trabalho de melhorar a qualidade dos cuidados no fim da vida, no contexto de uma filosofia de cuidados paliativos, que também foi desenvolvido na última década, gerou uma nova orientação do planejamento futuro de uma forma mais social e comunitário. Neste sentido, essa fase tem vindo a dar crescente importância para as peculiaridades de dois tipos de doentes: idosos e / ou dementes.
            O Brasil hoje está na fase pós-legislativa, fase de implementação do TV. Os negativistas, que não estão de acordo com a legalização do documento, como o deputado Pastor Março Feliciano (PSC-SP) criticou a resolução (1.995/12) do Conselho Federal de Medicina, afirmando que em vez de retirar os direitos do paciente, seu substitutivo vai definir os direitos que não poderão ser retirados - por exemplo, alimentação, hidratação e oxigênio (SOUSA, 2012).
            Por outro lado, o deputado Sebastião Bala Rocha (PDT-AP), um positivista, afirma que a resolução do Conselho Federal de Medicina é positiva. O parlamentar é médico e presidente da Comissão de Trabalho da Câmara. "Muitas famílias se deparam com essa situação de ter um paciente em estado, por exemplo, de morte cerebral e em um estado que, muitas vezes, é até denominado até de estado vegetativo, onde a pessoa não tem mais possibilidade nenhuma de recuperar a consciência e, muitas vezes, o médico fica também sem um instrumento adequado para saber que procedimentos ele pode adotar." No entanto, Sebastião Bala Rocha faz uma ressalva à resolução. Ele questiona o fato de a definição sobre o tratamento do paciente só constar em prontuário assinado pelo médico, sem necessidade de testemunhas ou da assinatura do próprio paciente. Sebastião Bala Rocha espera que a resolução seja aprimorada para dar mais segurança à população (SOUSA, 2012).
3. CONCLUSÃO
            A preocupação central das críticas a favor do tema é a qualidade de vida do paciente. Acredita-se que, ao sobreviverem, poderiam ficar com sequelas neurológicas graves. O testamento vital, impele as pessoas a pensar sobre a finitude, algo que é evitado com avidez. Ninguém está preparado para morrer. Para muitos, a noção do fim definitivo é aterradora e um documento como o testamento vital causa natural desconforto.
            Atualmente, momento de implementação da TV, deve existir uma conscientização de que o documento não está totalmente adequado aos parâmetros culturais, sociais e econômicos dos brasileiros. Por mais que a legalização tende a trazer uma amenização da vida dependente e inválida, a questão é: o país está pronto eticamente para receber essa demanda de mortos? Será que o gigante ainda está adormecido perante essa opção tão considerável à bioética? O que será da geração futura frente à morte frenética de pacientes, a maioria delas desafogando os seguros de saúde tão sobrecarregados de dívidas e processos judiciais? Como ficará o Judiciário, com o aumento do número de processos envolvidos pela ortotanásia? Deve-se pensar, sabendo-se que será difícil voltar atrás e preparar melhor a sociedade para uma decisão tão importante, assim como os EUA fizeram ao implantar entre seus cidadãos.
4. REFERÊNCIAS

-CANTALEHOS, M. et al. Revision de la literatura sobre al uso del testamento vital por la poblacion mayor. Gerokomos v. 19 n.2 Madrid jun. 2008.

-FREITAS, E.V., et al. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006, 2 edição.

 -LOPES, Adriana D.; CUMINALE, Natalia. O direito de escolher. Revista Veja, Sao Paulo, editora Abril, edição 2286, ano 45, n 37.

-Resolução 1.995 do CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Testamento Vital. Disponivel em: http//: www.zerohora.clicrbs.com.br. Acessado em 19 de novembro de 2012.
-SOUSA, Hélio. Testamento Vital. Jus Brasil. Disponivel em: http//: camara-dos-deputados.jusbrasil.com.br. Acessado em 19 de novembro de 2012.

   

Teste

A COMPREENSÃO DO PROFISSIONAL DA SAÚDE NA RELIGIOSIDADE DE PACIENTES SEM POSSIBILIDADES TERAPÊUTICAS

1. INTODUÇÃO


        Explicar o fenômeno religioso referente aos pacientes em tratamento de câncer é sempre um
 desafio. Devido a complexidade da situação, toda a equipe multidisciplinar precisa trabalhar junto com o paciente e a família. Entretanto a enfermagem é a equipe que os acompanham 24 horas por dia, daí a necessidade de compreender todas as etapas da doença numa visão global, isto é, não somente sinais e sintomas que surgem ao longo do problema em questão. 

        Sabe-se que doença significa pela organização mundial da saúde (OMS) como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas pela ausência de doenças ou enfermidades (OMS, 1946). Desta maneira, doença no geral é uma ameaça à vida - golpeia, atinge cada pessoa envolvida em sua totalidade biopsicossocial, mas, igualmente, nos aspectos espirituais. Portanto, a assistência necessita abranger estas dimensões: afetiva/ emocional, psicossocial e espiritual desse paciente e dos cuidadores (familiares e profissionais de saúde).

       Estudiosos cada vez mais estão preocupados em apresentar um modo de compreender como os profissionais de saúde (dentista, médicos residentes e contratados, enfermeira, auxiliar de enfermagem, psicóloga) percebem a religiosidade e a espiritualidade de seus pacientes sem possibilidades terapêuticas, e como esses profissionais vivenciam a sua própria espiritualidade. Estudos sobre temas referentes à psico-oncologia, religiosidade e espiritualidade vêm crescendo no Brasil e no exterior.


 2. AVALIAÇÃO BIOÉTICA

           Por meio de um levantamento bibliográfico foi verificado que a maioria dos estudos referente a temática: O fenômeno religiosos e sua visão pelos profissionais de saúde, enfoca, como objetivo, questões sobre a morte e o morrer na avaliação bioética. O termo bioética foi apresentado pela primeira vez pelo oncologista Potter, em 1971, em sua obra Bioethics -Bridge to the Future. É definida como "o ramo da ética que enfoca questões relativas à vida e à morte, propondo discussões sobre alguns temas, entre os quais: prolongamento da vida, morrer com dignidade, eutanásia e suicídio assistido ( KOVÁCS, 2003).

        Nas ciências da saúde, especificamente, preocupou-se com as condutas médicas e a relação médico-paciente. Apresenta-se indispensável ao profissional de saúde superar as dificuldades inerentes à relação médico/paciente baseada na “tentação tecnológica”, isto é, de ver o paciente apenas por partes. É necessário reunir o todo desse indivíduo e estabelecer um compromisso com a vida, respeitando-os como qualquer ser humano merece ( ESPINDULA;VALLE;BELLO, 2010).

        Em um estudo sobre bioética e profissionais de saúde, afirma que muitas vezes o pedido do paciente para abreviação de sua vida, pode não ser um verdadeiro desejo de eutanásia, mas, talvez, um anseio angustiado por ajuda, atenção, amor e afeto, que transpõe o âmbito dos cuidados médicos e que, por essa razão, deve ser escutado por todos que o cercam, sejam médicos, psicólogos, enfermeiros, pais, filhos ou amigos. Diante, pois, dessa concepção, que procura tomar o ser humano em sua totalidade frente às questões da morte e do morrer, o campo da saúde, com seus diversos profissionais, viu-se envolvido em inesperadas e complexas decisões morais e éticas (TEIXEIRA; LEFÈVRE, 2003).


 2.1. A VISÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NA RELIGIOSIDADE

        Em um estudo com profissionais de saúde que lidam com pacientes terminais, a maioria dos profissionais de saúde se diz espiritualista, dois são católicos, um médico se diz budista e uma médica espírita. Acreditam que a religião é inerente a todo ser humano. Os convictos de suas religiões creem na proteção divina e reconhecem a religiosidade como sustento e conforto para o paciente e seus familiares enfrentarem a situação de adoecimento. Eles esperam que esses enfermos vivam a sua fé com prudência e sempre aderindo à realidade (TEIXEIRA; LEFÈVRE, 2003).

        Em um estudo extraído de uma tese de doutorado na Escola de Enfermagem de Ribeirão preto, tratou de estudar a visão da enfermagem diante da fé religiosa de seu paciente, ou seja, reconhecer sua dimensão espiritual, na medida em que essa lhe traz estímulo, coragem e esperança para encarar a própria doença. Nele, sinalizam também que é importante ter um psicólogo e um capelão preparados para ouvir os pacientes e procurarem estar em sintonia espiritual com esses, porque essa postura pode ter o papel de auxiliar os pacientes a construir um sentido ao viver um sofrimento inerente à doença, o que poderia facilitar, para os profissionais de saúde, a dimensão do cuidado ao enfermo ( ESPINDULA;VALLE;BELLO, 2010).


3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

        Considerando a formação profissional, por meio dos estudos citados, há um despreparo emocional e um déficit na formação acadêmica destes profissionais da saúde para trabalhar com pacientes terminais.

         Espera-se , assim, trazer inspiração aos profissionais da área de saúde, assim como os professores a desenvolverem nos alunos a sua humanidade e prepará-los para lidar com a tríade paciente-equipe-família. A vivência religiosa de cada um deles varia conforme o modo de apreender o sentido da vida e o da morte, o da doença e o da saúde ( ESPINDULA;VALLE;BELLO, 2010).

        Os profissional de saúde deveria ser o meio para ajudar o paciente a retomar o sentido de sua vida, mesmo o paciente tendo noção que está grave e que poderá morrer a qualquer hora. Como se poderia fazer isso? Ajudando-o a se perceber e a se conhecer nesse processo. Com isso, a equipe pode ser um elo de apoio, conforto e esperança de um futuro para o paciente e sua família, mesmo que, às vezes, a cura não ocorra.

        Espera-se, também que, os profissionais de saúde independente da profissão, se perguntem se não terão o direito de buscar o apoio de uma religião, para melhor conviverem com a situação de doença em si mesmos, e em seus pacientes, ajudando-os assim, a viverem a possibilidade de uma morte mais digna.

4. REFERÊNCIAS

ESPINDULA, JA. VALLE, ERM. BELLO AA. Religião e espiritualidade: um olhar de profissionais de saúde. Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet]. Nov-dez 2010. Acesso em: Nov de 2012.  Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v18n6/pt_25.pdf.

 KOVÁCS MJ. Bioética nas questões da vida e da morte. Rev. Psicologia USP. São Paulo, 2003. Acesso em: Nov de 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642003000200008

 OMS. Carta da Organização Mundial de Saúde, 1946.[citado 2009 out 18]. Acesso em: Nov de 2012. Disponível em http://www.onuportugal.pt/oms.doc.

 PONTES, Angela Cristina. ESPÍNDULA , Joelma Ana. VALLE, Elizabeth R. Bioética e profissionais de saúde: algumas reflexões. Centro Universitário São Camilo. São Paulo, 2007. Acesso em: Nov de 2012; Disponível em: http://www.saocamilo-sp.br/pdf/bioethikos/54/Bioetica_e_profissionais.pdf

 TEIXEIRA JJV, LEFÈVRE F. Humanização nos cuidados de saúde e a importância da espiritualidade: o discurso do sujeito coletivo - psicólogo. Rev O Mundo  da Saúde. São Paulo, 2003. Acesso em: Nov de 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010411692010000600025&script=sci_arttext&tlng=pt