domingo, 2 de dezembro de 2012


A idade como diferencial para a manutenção do saber: um relato da rede FITOVIDA.


Danielle Alves de Melo


1. Introdução

A rede fitovida é composta por mulheres acima de 60 anos que se reúnem para difundir seus conhecimentos acerca da fitoterapia, Produzindo medicamentos a base de plantas medicinais para venda, sem fins lucrativos, na comunidade carente.O que se pode perceber é a garra com que essas mulheres batalham para difundi seus conhecimentos hora científicos hora sentimentais, pois por muitas vezes uma simples conversa no balcão cura mais do que o medicamento dispensado.Mulheres idosas que deixam seus afazeres domésticos para difundir conhecimentos que os nos de vida lhe trouxeram e que não se contentam e perde-lo com o passar dos anos se tornam mais ativas.

O uso de plantas medicinais é pratica desde muitos tempos, Onde o uso de uma planta aqui e outra ali resolveria a maioria das doenças que se destacava na época, Foi nesse cenário que a mulher foi adquirindo conhecimento acerca dos usos popularas das plantas e amadurecendo sua produção oa pasar dos anos, e atualmente perpetua seu saber por meio de assistência em saúde na população carente da sua cidade. Esse diversidade de conhecimentos além de beneficiar a comunidade proporciona ao idoso a atividade física e cerebral mexendo com o prognóstico dos mais velhos do qual só lhe resta esperar a morte. Idosos mais ativos e úteis se tornam mais viris e essa força de vida faz com que sua qualidade de vida aumente o fazendo sair da cama para praticar o que mais gosta e lhe oferece prazer.

2. Desenvolvimento


A Rede Fitovida reconhece que sua missão é social e vai muito além de permutas solidárias e sim reservar o conhecimento que o passar dos anos lhe trouxeram sobretudo, preservando o saber popular tradicional a salvo de interesses comerciais e transmiti-lo. Os integrantes da Rede, poe meio de seus princípios e objetivos, demonstram uma preocupação em fomentar uma nova cultura de prevenção em saúde com a valorização do conhecimento dos mais velhos, promovendo um “resgate”, isto é, restituindo tal conhecimento para a população.( NOVAES; 2002)

Desde sua formação, a Rede Fitovida promove  encontros, onde seus membros debatem suas necessidades e promovem a troca de experiência e conhecimento.É nesse cenário que os idosos ser relacionam e trocam suas experiencias renovando não só conhecimento mais também sua auto estima e força de viver, já tão debilitada pelas dificuldades diárias.O que se pode perceber é que a cada encontro da rede aumenta o número de participantes e a idade dos mesmos, o que demonstra a necessidade que o idoso tem em se sentir útil.Ainda segundo Coelho, 2006,



Os produtos distribuídos e comercializados pela Rede possuem
uma função utilitária clara, afinal, são medicamentos. E ainda apresentam uma “vantagem”
na relação custo-benefício, pois são mais baratos que remédios semelhantes
industrializados (fitoterápicos com extratos das mesmas plantas) e a medicação alopática.
Entretanto, é preciso ir mais fundo para compreender que ali também reside “uma mistura
de coisas e almas, de objetos e pessoas” 

É essa mistura de coisas e sentimentos que mexe com a vitalidade do idoso e o coloca em outro patamar de vida, se fazendo útil esquece das maselas da vida focando sua energia me saúde em não mais em doença. 
O retorno desta atividade não é financeiro é o sentimento de utilidade e competência gerado nos participantes, que por muitas vezes ao longo da sua vida não conseguiram tal auto afirmação, passando anos subjugada e escondida no preconceito machista e social.Criando uma nova identidade para com os seus e na comunidade, gerando prestígio e respeito naqueles que se fazem necessitados.Conforme ressalta Mauss, 

O sistema da dádiva “funciona de forma desinteressada e
obrigatória, ao mesmo tempo. Além disso, esta obrigação se exprime de maneira mítica,
imaginária ou, se se quiser simbólica e coletiva: assume o aspecto de interesse ligado às
coisas trocadas. Estas nunca são completamente desligadas dos que as trocam: a
comunhão e a aliança que eles estabelecem são coletivamente indissolúveis.” (Mauss,
1997).

As idosas também fazes a orientação a cerca do tratamento recomendado pelo édico, os prescritos, pois afirmam que há doenças que as plantas não curam sozinhas como a hipertensão e diabetes.Nesse contato, o grupo de idosas tem a oportunidade de trabalhar o emocional do paciente que por muitas vezes chega choroso para atendimento, reafirmando mais uma vez a importância dos anos vividos e as experiencias adquiridas que não podem ficar trancadas em um baú e sim transportadas para uma dimensão que transforme a vida de que quem dela usufrui.Servindo de apoio a rede precária de saúde pública que por muitas vezes não se encontra os medicamentos básicos da atenção básica de saúde( RODRIGUES; LEAL 2007).


3. Considerações Finais

A medida que os anos passam a tendência em se aquietar no leito aquecido da família é uma tendência que vem se modificando e alterando o cenário dos idosos na atualidade.O relato da rede FITOVIDA mostra que as pessoas de mais idade estão cada dias mais integradas a sociedade e ciente do seu papel como diferencial em saúde para a população que o cerca, seja perpetuando seus conhecimentos em medicamento de plantas fitoterápicas seja em aconselhar a vida daqueles que os procuram carentes de saúde e de carinho.Colocando o idoso em uma posição inversa daquela que o anos o destinaram.


4. Bibliografia

1. COELHO, Maria Cláudia. O Valor das Intenções. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2006.

2. MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a dádiva: forma e razão da troca nas sociedades arcaicas. São
Paulo: EDUSP, 1997.

3.NOVAES, Regina. Hábitos de doar: motivações pessoais e as múltiplas do espírito da dádiva. Rio
de Janeiro: Iser, 2002.

4. RODRIGUES, Mariana Leal.Mulheres da rede FITOVIDA: Ervas medicinais, envelhecimento e associativismo.Rio de Janeiro: 2007














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