INTRODUÇÃO
Uma das certezas da vida é o envelhecimento. Pode-se afirmar que
o mundo hoje está sofrendo uma transformação demográfica sem precedentes na
história da humanidade e esse fenômeno que é o envelhecer traz várias
modificações no âmbito social, psicológico e fisiológico, sendo individual e
variável ao longo da vida.
O passar dos anos, leva ao que chamamos de envelhecimento
biológico, onde se tem as perdas funcionais, progressivas e consequentemente o
aparecimento de doenças crônico-degenerativas que aumentam-se as possibilidades
da morte.
A finitude é algo de difícil compreensão pelos idosos, pois a
cada dia que passa, o que se permanece são apenas as lembranças do vivido, o apego às
crenças e os valores morais e espirituais, que são valorizados, entendidos e
respeitados.
A religiosidade é um fator que contribui para o enfrentamento
dos desafios da vida, das frustrações e dos sofrimentos, além de estudos
mostrarem que a crença pode melhorar de forma considerável a saúde e a
qualidade de vida dos indivíduos.
De acordo com Floriano e Dalgalarrondo (2007), a religiosidade é
um fator importante nas condições relacionadas aos agravos na saúde física e
mental, diminuindo a gravidade e o surgimento das condições que podem ocasionar
possíveis enfermidades, contribuindo para o bem estar na velhice.
Por ser considerado algo subjetivo, a religiosidade e a fé
dependem da percepção de cada indivíduo, e podem ser abordados como uma forma
de esperança para os enfermos e para os idosos, como uma razão de viver.
O tema da religiosidade pode ser discutido como um fator
bioético, pois existe a relação entre os fatores biológicos e a razão humana.
Segundo Pessini (2006), Van Rensselaer Potter, “pai da bioética”, representou o
termo bioética como o conhecimento biológico, a ciência dos seres vivos e a
ética associado aos valores humanos.
DESENVOLVIMENTO
Como ensinam as ciências da vida, da saúde e as reflexões
fisiológicas e religiosas, o processo de finitude, morte e vulnerabilidade, são
características intrínsecas ou ontológicas, dos sistemas vivos, submetidos a um
processo irreversível que inclui o nascer, o crescer, o decair e o morrer
(SCHRAMM, 2002). Por está exposto aos riscos da vida, os idosos ao longo da sua
existência passam a ser potencial da vulnerabilidade à medida que se submete
aos riscos e danos da sua própria existência.
No que diz respeito à Bioética, a qual aborda os aspectos morais
envolvidos pelos problemas comuns às ciências da saúde, a finitude está
ancorada a práticas de cura e/ou cuidados, graças aos avanços da biomedicina
(SCHRAMM, 2012).
Porém, uma das consequências principais no aspecto da bioética,
relaciona-se as crescentes intervenções nos processos vitais, onde devemos
acrescentar as mudanças nas condições de morrer. Cada vez mais as pessoas
querem conhecer o diagnóstico que lhe diz respeito e assim, decidir as
estratégias que cabem para o processo do fim.
Atualmente, os cuidados paliativos vêm justamente para preencher
este espaço existente entre a competência técnica da medicina, da cura e a
cultura do respeito da autonomia do ser humano (paciente) às suas decisões (SCHRAMM,
2002).
No
campo da religiosidade podemos dizer que, para a população idosa é de extrema
importância o apego à espiritualidade, sendo considerada vital para os países
onde há a crença pela fé em Deus ou há uma dimensão transcendente, ou seja, uma
“força”, uma “energia”, que está relacionada às preocupações da vida que vai
além do que é concreto. A espiritualidade assim como a religião, podem ser
facilitadores na resolução de problemas, diminuindo as preocupações e os
pensamentos negativos a cerca do fim (BARBOSA E FREITAS,2009).
Na
análise cristã, o anseio da dor e das perdas dos entes queridos, pode ser
amenizado pela expectativa de um novo encontro com os que já partiram da vida.
As concepções entre morte e morrer, é o ponto de encontro da existência humana
e que comumente gera tristeza e sofrimento. Na história da Idade Média, é onde
surgiram as interpretações sobre vida e morte e ainda sobre a vida eterna e
ressurreição (DINIZ e AQUINO, 2009).
Para
Carvalho (2007), a religiosidade para os indivíduos convém como um apoio
indispensável para as perdas ao longo da existência, servindo como
indispensável para a compreensão dos acontecimentos da vida que advém de uma
força superior e estão relacionados com as crenças de cada pessoa e a sua
sabedoria e equilíbrio diante do enfrentamento dos problemas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
desafio atual no campo da bioética e da religiosidade está em pensar junto com
as novas possibilidades trazidas pelos avanços, ainda que limitados, a ciência
da saúde e em particular pela biomedicina, em evitar ou retardar o fim. Aliamos
a isso a expectativa que se têm de que não estamos diante do fim, mas frente a
uma nova realidade que vai além da existência humana.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA,K. A.; FREITAS, M. H. Religiosidade
e atitude diante da morte em idosos sob cuidados paliativos. Revista Kairós,
São Paulo, 12(1), pp. 113-134, jan.
2009.
CÁTIA DANIELA RODRIGUES CARVALHO. Luto e relisiosidade. Disponível em: WWW.psicologia.com.pt.
Acessado: 27/11/2012.
DINIZ,
A. C.; AQUINO, T. A. A. A relação da religiosidade com as visões de morte.
Religare – revista de ciências das religiões, nº 6, 09/2009.
FLORIANO,
P.J.; DALGALARRONDO P. Saúde mental,
qualidade de vida e religião em idosos de um Programa de Saúde da Família. J
Bras Psiquiatr, 56(3): 162-170, 2007.
PESSINI, L. Bioética, envelhecimento humano e dignidade
no adeus à vida. Em: FREITAS, E.V. Tratado de geriatria e Gerontologia. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2ª Ed., PP. 154-163, 2006.
SCHRAMM, F. R. Finitude e bioética do fim da vida. Revista
Brasileira de Cancerologia, 58(1):73-78, 2012..
SCHRAMM, F. R. Morte e finitude em nossa sociedade:
implicações no ensino dos cuidados paliativos. Revista Brasileira de
Cancerologia; 48(1):17-20, 2002..
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