INTRODUÇÃO
Partindo do princípio de que o ser humano crê na existência de um ser divino que nos
concede a vida, o envolvimento com a espiritualidade é um fator constante em nossas vidas.
Seja em menor ou maior intensidade, o fato é que todos reconhecem a importância de se
buscar a Deus por meio de uma religião, almejando a espiritualidade necessária para sentir-
se bem.
No que consiste aos idosos em que a fragilidade – cujas vidas são menos controláveis,
mais ameaçadoras, com perigos iminentes e imprevisíveis – é uma tônica entre os membros,
Negreiros (2003) afirma que a espiritualidade possui uma conotação ainda maior: constituiu-
se em poderoso fator de suporte para enfrentar desafios, frustrações e sofrimentos, além de
melhorar consideravelmente a saúde e a qualidade de vida destes membros.
O que se extrai de inúmeras pesquisas neste sentido é o benefício alcançado neste
binômio espiritualidade-envelhecimento, embora, reconheça-se, ambos os termos são de
difícil conceituação, pois eivados de certos preconceitos. De qualquer forma, uma vez que
a espiritualidade possa proporcionar ao idoso melhoria de condições de vida e de saúde
(por meio do autoconhecimento, da prática de virtudes, adaptação a condições adversas,
interação social, devoção religiosa, etc.), perpassando pela aceitação e preparação para
a morte (crença na manutenção do espírito, transcendência a si próprio, ao tempo e
ao espaço; desapego, etc.), isso, por si só, já oferece os benefícios necessários para um
envelhecimento mais “aceitável” e menos penoso.
DESENVOLVIMENTO
Na compreensão de envelhecimento e espiritualidade no campo de aplicação aos
idosos, importante contribuição trouxeram e Moberg e Brusek (1978). Os citados
pesquisadores destacam duas dimensões de espiritualidade: a horizontal, representada
como um recurso interno e subjetivo, mobilizado pela experiência de doação de si, de
fraternidade, através do contato mais íntimo consigo próprio, com a natureza, arte, poesia,
ou quaisquer ideais visando ao bem-estar social, a solidariedade, o cuidado, a tolerância,
entre outros. E a vertente vertical que caracterizaria um movimento em direção a Deus, a
um Ente Superior, ao grande Senhor. De acordo com os autores, de qualquer modo, ambas
as dimensões não seriam excludentes entre si e cada uma, a seu modo, estaria ligada a
alteridade.
A religiosidade e a espiritualidade sempre possuíram pouca importância no campo
científico, obtendo maior aceitação em anos recentes. Estudiosos passaram a compreender
que o bem-estar espiritual passou a ser compreendido como um importante vetor de
avaliação do estado de saúde do paciente em conjunto com as demais características, como
as corporais, psíquicas e sociais.
Duarte et all. (2008) asseveram que os idosos veem a religião como algo
fundamentalmente importante. Tal fato pode ser facilmente compreendido se levar em
consideração que o idoso enxerga o término de sua existência como uma busca de respostas
que, invariavelmente, é encontrada nas religiões e/ou crenças. De fato, com o avançar da
idade, a importância atribuída à religião aumenta exponencialmente.
Conquanto não haja uma relação direta entre a religião e a saúde, é verdadeiro que
indivíduos que se importam firmemente com a espiritualidade denotam uma maior
orientação coletiva, mais altruísta e menos egoísta. Assim ocorrendo, tais indivíduos passam
a evitar condutas extremadas, tais como: embriagar-se, dirigir em alta velocidade e/ou
promiscuir-se em relações íntimas. Ademais, buscam associar-se a uma rede de relações
sociais mais ativa e de larga amplitude.
CONCLUSÃO
Professar alguma fé e viver a espiritualidade parece ser a chave da solução de muitos
problemas enfrentados pelos idosos no dia a dia, permitindo maior satisfação e menores
sentimentos de desesperança. Religiosidade e espiritualidade possuem fundamental
importância na saúde dos indivíduos, embora a relação envelhecimento-espiritualidade
exista somente na teoria.
Com o avançar dos anos é natural a procura por um núcleo de estabilidade, na
esfera íntima. Neste sentido, o indivíduo olha para a própria vida sob uma nova perspectiva,
buscando dar-lhe um sentido, uma integração do longo passado com o fugaz presente e com
um incerto e mais curto futuro.
Ademais, através da consciência de que o próprio tempo de vida não é tão vasto
quanto os ideais, e pela tentativa de aproximação da vastidão das idealizações com
as possibilidades das realizações, opera-se uma mudança na direção desses ideais na
expectativa de cumpri-los: valorizar cada momento, tentar viver mais e melhor, perdoar,
orar, meditar, doar algo, deixar obras, mensagens e legados para as futuras gerações, etc.
Enfim, praticar virtudes e aspirar à transcendência, ambas melhor obtidas se combinadas
por meio da relação entre envelhecimento e espiritualidade.
Referências: DUARTE, Y.A.O.; LEBRÃO, M.L.; TUONO, V.L.; LAURENTI. (2008). Religiosidade e envelhecimento: uma análise do perfil de idosos do município de São Paulo. Saúde Coletiva,
año/vo. 5, nº 024. Disponível em <http://redalyc.uaemex.mx/pdf/842/84252404.pdf>;
NEGREIROS, T. C. G. M. (2003). Espiritualidade: desejo de eternidade ou sinal de maturidade?
Revista Mal-Estar e Subjetividade. Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/pdf/malestar/
v3n2/03.pdf>; Moberg, D. O., & Brusek, P. M. (1978). Spiritual well being: A neglected subject in
quality of life research. Social Indicator Research, 5, 303-323
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
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