O
envelhecimento abrange problemas biológicos, fisiológicos e psicológicos que
produzem crises existenciais, no entanto, trata-se de um fenômeno normal na
vida. Como em todos os momentos do desenvolvimento vital, ao chegar à última
etapa da vida, o ancião sente ainda surgir em si algumas perguntas inevitáveis:
Quem eu sou? Por que estou neste mundo? Que sentido tem a minha vida? Para onde
vou? Como tenho vivido os anos que passaram? Como posso viver bem os próximos
anos? Como em toda crise existencial, também essa, a da última etapa, não pode
ser superada de modo válido senão por meio da renovação da interioridade. A
espiritualidade evidencia a existência de “potenciais forças escondidas no homem
que o envelhecer faz desabrochar” (Baldessin, 2002, p. 496).
De
acordo com Goldstein e Sommerhalder (2005), por causa das mudanças físicas,
psicológicas e sociais que são comuns aos idosos, eles enfrentam mais situações
de perdas, declínio da saúde, afastamento do mercado de trabalho e eventos não controláveis,
em que seu enfrentamento de um modo efetivo pode ser alcançado através das
crenças espirituais e religiosas. Isso porque a religião satisfaz a necessidade
de sentido da vida, mais do que qualquer outra coisa.
Questões religiosas e espirituais foram negligenciadas
pela ciência e pela gerontologia por muito tempo. Os pesquisadores evitavam
estudar a associação entre ciência e religião, pois consideravam que talvez o
tema não fosse compatível com o indispensável rigor cientifico. O envelhecimento
populacional e o consequente aumento das pesquisas com os idosos levaram os
cientistas a perceber que a religiosidade e a espiritualidade são fenômenos
importantes nessa faixa etária, que não deve ser ignorados.
Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS) - (World Health Organization - WHO), saúde
era definida como “um estado de bem-estar físico, mental, social e não
simplesmente a ausência de doença ou enfermidade”. Mas esta definição, na
prática, não contempla as necessidades emergidas do homem, fazendo com que
muitos teóricos e pesquisadores discutam saúde também como a constituição de
valores, da personalidade e estilo de vida. (POTTER & PERRY, 2005)
Para
Sousa, Tillmann e Oliveira (2002), atualmente, afirmar que a religiosidade de
uma pessoa afeta seu corpo, sua mente, sua interação com os outros, além de seu
espírito, soa menos estranho, apesar de que no meio científico ainda é motivo
para desconfiança e inquietação.
Porem, cada vez mais se reconhece a importância dos
aspectos psíquicos, sociais e também espirituais dos indivíduos. Dentro desse contexto
de interceder esses outros aspectos do ser humano, a espiritualidade tem
entrado também. E, atualmente, a resistência é muito menor.
Desse
modo, podemos ver que o entendimento mundial acerca de saúde tem se modificado.
Então, desde a Assembléia Mundial de Saúde de 1983, a inclusão de uma dimensão
“não material” ou “espiritual” de saúde vem sendo discutida extensamente, a
ponto de existir uma proposta para modificação do conceito clássico de “saúde”
da Organização Mundial de Saúde para “um estado dinâmico de completo bem-estar
físico, mental, espiritual e social e não meramente a ausência de doença”.
Cabe,
então, expressar os entendimentos descritos acerca da religiosidade. Acima
relatado. Religião é uma palavra que se origina do latim – religare. Seu
significado é o restabelecimento da ligação entre Deus e o homem. A função da
religião na sua essência é manter e desenvolver a relação do indivíduo com o
sagrado. Sua proposta é dar um significado à vida. Dessa maneira, ela pode
fornecer subsídios para que o indivíduo transcenda o sofrimento, perdas e a
percepção da morte (GOLDSTEIN & SOMMERHALDER, 2002)
Referências
Baldessin, Anísio. O idoso: viver
e morrer com dignidade. Netto, Matheus Papaléo. (Org.). In: Gerontologia: a
velhice e o Envelhecimento em Visão Globalizada. São Paulo: Atheneu, 2002, p.
496.
GOLDDTEIN, L. L.; SOMMERHALDER,
C. Religiosidade, espiritualidade e significado existencial na vida adulta e
velhice. In: Freitas e colaboradores: Tratado de geriatria e gerontologia.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
POTTER, P. A.; PERRY, A.G. Fundamentos
de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2005.
SOUSA, Paulo L. R; TILLMANN, Ieda
A.; HORTA, Cristina L; OLIVEIRA, Flávio M. A. religiosidade e suas interfaces
com a medicina, a psicologia e a educação. Psiquiatria na Prática Médica.
Centro de Estudos - Departamento de Psiquiatria - UNIFESP/EPM. v. 34, n.4,
2001/ 2002. Disponível em: http://www.unifesp.br/dpsiq/polbr/ppm/index.htm.
Acesso em: 05 set. 2005.
Nenhum comentário:
Postar um comentário