domingo, 25 de novembro de 2012
O papel da religiosidade e espiritualidade na Saúde Mental
O papel da religiosidade e espiritualidade na Saúde Mental
Laíse Franco de Sousa Brandão
Introdução
Nos últimos anos, um crescente corpo de literatura tem explorado as implicações da religião e da espiritualidade no campo da saúde mental. A partir de 1988, A Organização Mundial de Saúde passou a considerar espiritualidade, religião e crenças pessoais como uma área importante na avaliação da saúde e qualidade de vida (MOHR; HUGUELET, 2004).
O efeito da religião sobre a saúde mental tem sido debatido e continua a ser controverso, apesar de alguns resultados positivos em avaliações da pesquisa empírica. A explicação mais plausível para estes resultados mistos é que a relação entre religião e saúde mental não é sensível às diferentes definições adotadas por indivíduos de várias crenças e religiões (JONG-IK et al., 2012).
Desenvolvimento
A maioria dos psiquiatras e outros profissionais de saúde mental, cientificamente treinados, acredita em uma visão de mundo secular,científica. Durante anos permaneceu uma visão negativa da religião no campo da saúde mental. As pessoas religiosas eram retratadas exemplos de doenças psiquiátricas em manuais de diagnóstico (KOENIG, 2007).
Da mesma maneira que os profissionais de saúde mental não têm valorizado o papel da religião nas vidas das pessoas, com e sem doença mental, as comunidades religiosas também têm desenvolvido atitudes negativas em relação aos psicólogos e psiquiatras que são vistos, freqüentemente, como inúteis, ou ameaçando as convicções profundamente arraigadas que são centrais à sua visão de mundo (KOENIG, 2007).
O tratamento habitual dos transtornos psíquicos, basedo no modelo biopsicossocial, envolve a prescrição de medicamentos, intervenções psicológicas e suporte familiar e social. Este modelo não leva em conta a dimensão religiosa do indivíduo, no sentido de uma definição ampla de religiosidade e espiritualidade, ou seja, preocupação com o transcendente, abordando as questões fundamentais sobre o sentido da vida (MOHR; HUGUELET, 2004).
Atualmente, há na literatura crescentes evidências de que a espiritualidade implica fator de proteção, tanto em questões de ordem médica, quanto em problemas da área psicológica, bem como em situações relativas ao campo da educação.
Espiritualidade pode ser definida como uma busca pessoal para entender as respostas às perguntas fundamentais sobre a vida, o significado e a relação com o sagrado. Como as práticas religiosas e rituais diferentes, a espiritualidade pode ser associada com saúde mental, independentemente do tipo de religião (JONG-IK et al., 2012).
A afirmação de que a espiritualidade possa ser uma fonte rica para encontrar propósitos de vida, assim como para formular orientações cognitivas e avaliações de situações vitais, evidencia seu potencial como função mental de buscar sentidos para viver e, em conseqüência, ter, por esse caminho, uma capacidade preventiva nos transtornos mentais (SOUSA et al., 2001).
Conclusão
A religião e a espiritualidade não podem ser reduzidas a mecanismos biológicos, psicológicos, sociais ou a ferramenta terapêutica para as pessoas que sofrem transtornos mentais. Trabalhadores de saúde mental e os que desejam entrar neste campo precisam tolerar a diversidade, entender a importância e respeitar as crenças dos outros mesmo tendo conhecimento de sua própria identidade religiosa e espiritual.
Referências
KOENIG, H.G. Religião, espiritualidade e transtornos psicóticos. Rev. Psiq. Clín. v. 34, supl. 1; p. 95-104, 2007.
JONG-IK, P. et al. The Relationship between Religion and Mental Disorders in a Korean Population. Psychiatry Investig. March; 9(1): 29–35, 2012.
MOHR S.; HUGUELET P. The relationship between schizophrenia and religion and its implications for care. Swiss Med Wkly., v. 26, p. 369-76, jun. 2004.
SOUSA, P. L. R. et al. A religiosidade e suas interfaces com a medicina, a psicologia e a educação: o estado de arte. Rev. Psiq Prat Med., v.34, n. 4, p. 112-17, 2001.
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