O SEXO E A SEXUALIDADE NOS IDOSOS
A crença de que o avançar da idade e o declinar da atividade sexual estejam diretamente ligados, tem sido responsável para que os indivíduos em geral não prestasse atenção suficiente a uma das atividades mais fortemente associadas à qualidade de vida, como é a sexualidade ( CAPODIECI, 2000).
A sexualidade é considerada um conjunto de valores e práticas corporais, que transpõem a biologia, pois tem uma relação com o íntimo do indivíduo e suas relações com os outros e com o mundo (MONTEIRO D, 2006.)
Assim, a sexualidade é mais do que contato genital por meio das relações sexuais, é uma energia que motiva a intimidade para sentir, perceber o toque do outro, influencia pensamentos e ações, tanto na saúde física como na mental. Vai do prazer à função da procriação. É uma função vital que começa da infância e vai até a velhice, levando consigo tabus (SILVA RB. 2006 e SANTOS SS, 2006 ).
Muitas pessoas, na oitava década de vida, continuam sendo sexualmente ativas, e mais da metade dos homens maiores de 90 anos, referem manter interesse sexual. Mas apenas menos de 15% deles podem ser considerados sexualmente ativos (SCHIAVI, 1995).
Devido ao desconhecimento e à pressão cultural, numerosas pessoas de idade avançada, nas quais ainda é intenso o desejo sexual, experimentam um sentimento de culpa e de vergonha, chegando a crer-se anormais pelo simples ato de se perceberem com vontade do prazer. Os idosos se distanciam e esquecem de seu próprio corpo e, tanto quanto ou mais que na infância, a sociedade impõe que a sexualidade deva ser totalmente ignorada na velhice (LIMENTANI, 1995).
A auto-estima é fundamental para que os idosos possam exercer sua sexualidade com menos culpa. Para Erbolato (2000), a auto-estima acontece em um processo gradativo da vida das pessoas, que pode nascer junto com a infância e acompanhar os seres humanos até à velhice. Há quatro fatores essenciais para construir a auto-estima: Importância dos eventos da vida; dos abjetos, dos modelos de comparação e as pressões sociais.
A sexualidade é expressa pelos idosos por palavras como: troca de carinhos, beijos, abraços, companheirismo, segurança, sexo, felicidade. E só pode ser expressa na terceira idade se, durante a adolescência, a juventude e a vida adulta, tais sentimentos foram vivenciados de forma a dar prazer, alegria e satisfação às pessoas ( COPODIECI, 2000).
Vascocelos ( 1994, p. 84) afirma que “ o sucesso conjugal na velhice está ligado à intimidades, à companhia e à capacidade de expressar sentimentos verdadeiros um para o outro, numa atmosfera de segurança, carinho e reciprocidade”.
Ainda Vascocelos (1994), considera que a relação sexual entre pessoas com 60 anos ou mais, está ligada ao processo de intimidade que há entre o casal. Dificilmente a intimidade e o sexo acontecem de forma separadas, principalmente nesta idade. A sexualidade na terceira idade pode ser vivenciada das mais diversas maneiras, mas sempre seguidas com sentimento os quais não se perdem como tempo.
Para os idosos o amor e o sexo podem significar muitas coisas como: Oportunidade de expressar afeto, admiração e amor; afirmação do corpo e seu funcionamento; sentir-se feminina ou viril; proteção contra ansiedade; prazer de ser tocado ou acariciado ( COPODIECI, 2000).
A sexualidade da pessoa da terceira idade torna-se reprimida, uma vez que, a casa é composta por pessoas que vão além do casal, o que dificulta a privacidade. Dificilmente os cônjuges conseguirão exprimir os sentimentos de maneira desejada pela falta de liberdade (COPODIECI, 2000).
Ferricgla (1992), em sua literatura , comprova que os adultos são um dos principais fatores que atuam na repressão da sexualidade das pessoas idosas.
Ribeiro (1999, p.125) salienta que “ em família, os filhos são geralmente os primeiros a negar a sexualidade dos pais. Interpretam a necessidade sexual dos pais, isto quando admitem que ela existe como algo depreciativo, como sinal de segunda infância ou como sinal de demência” .
Outro aspecto que causa temor nas pessoas de terceira idade, principalmente entre as mulheres, é o abuso financeiro. Há o desejo e a necessidade de buscar novos relacionamentos, mas também, existe o medo em relação a nova pessoa ( COPODIECI, 2000).
A religião, ao contrário do que se pensa, é um incentivador do amor.
Pensar em espiritualidade e sexualidade, inicialmente pode parecer difícil e, até incoerente. “Essa desagregação traduz um pensamento fragmentado, fruto de um legado secular: o paradigma cartesiano-newtoniano e a visão judaico-cristã, típico de nossa cultura ocidental.” (TEIXEIRA, 2006).
O que vem a ser o órgão sexual se não um órgão como outro qualquer? Por que tantos medos, preconceitos e culpas? No final tudo vira pó. O que importa é a intenção com que se faz. É com amor? É com respeito? É com carinho? Viver a sexualidade não é algo contra a natureza humana, muito pelo contrário. Faz bem, melhora nossa auto-estima, nossa saúde física e mental (TEIXEIRA, 2006).
Corpo e espírito estão separados? Temos que refletir sobre a sexualidade, corporalidade e espiritualidade.
João Paulo II escreveu:
“Justamente por meio da profundidade dessa solidão originária, o homem emerge agora na dimensão do dom recíproco, cuja expressão – que por isso mesmo é expressão de sua existência como pessoa – é o corpo humano com toda a verdade originária de sua masculinidade e feminilidade. O corpo, que exprime a feminilidade ‘para’ a masculinidade e, vice-versa, a masculinidade ‘para’ a feminilidade, manifesta a reciprocidade e a comunhão das pessoas. Exprime-a por meio do dom, como característica fundamental da existência pessoal” (Merecki, 2006)”
Romper com mitos, tabus e preconceitos no que tange `a sexualidade das pessoas de terceira idade é importantíssimo, para que estas possam axerce-las se assim sentirem necessidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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