A Bioética e a Religião
Márcia Rufino
Entende-se por elementos caracterizadores da bioética a interdisciplinaridade, o pluralismo, a humildade, a responsabilidade, a autonomia, beneficência, a justiça e o senso de humanidade, conclui-se, portanto, que ela aborda a gênese dos seres vivos de um ecossistema. A bioética equipara-se à união de sistemas viventes com os valores humanos, principalmente o que se conhece como o direito à vida. Portanto não há como separar os conceitos que regem a Bioética das crenças e religiões predominantes na sociedade, por mais que haja a divergência de opiniões, pois, sabe-se que os valores espirituais também têm relação com a moral e com a ética dos seres humanos, como por exemplo o próprio direito à vida e a liberdade de expressão estabelecido na Constituição brasileira e nas religiões predominantes do mesmo meio.
Entende-se por religião a crença na existência e manifestação de força sobrenatural, que proporciona reflexão e apoio nos momentos de dor, possibilitando a ressignificação da própria vida. A religião assume um compromisso ético social à medida que aborda ações, omissões e conseqüências de assuntos relativos ao homem. (Devens,2007).
Há um consenso na literatura, de que a religiosidade desempenha um papel fundamental para a qualidade de vida, as relações sociais e saúde dos idosos. A religiosidade e espiritualidade possibilita ao idosos lidar com sua dificuldades frente a experiências de solidão, freqüentes na velhice, e seus significados relacionados à espiritualidade.( Dalgalarrondo, 2008)
Refletir sobre a religiosidade dos idosos no campo da Psicologia implica em compreender o processo de perda gradual da resistência biológica sendo compensada por uma energia espiritualizada existente na dimensão humana. É nessa dimensão da espiritualidade humana, que o idoso elabora suas perdas e o faz perceber pertecente a algo mais amplo que o seu fisiológico. (Baldesin, 2007)
A religiosidade permite ao idoso desenvolver possibilidades psicológicas, que o preparem para uma re-siginificaçao da vida.
Dessa forma, é imperioso que o debate religioso deva estar integrado aos estudos da Bioética, não só porque as religiões influenciam diretamente nos parâmetros da sociedade, mas porque essa temática ajuda na permanência de determinados valores.
No Brasil percebe-se muito o conflito entre a medicina e as religiões, no que se diz respeito ao aborto, eutanásia e a utilização de células tronco, porém tal choque de interesses acaba por ser benéfico à medicina, pois os mesmos geram discussões e consequentemente soluções mais aceitáveis à sociedade. Assim, a discussão da Bioética é útil não só do ponto de vista religioso de defesa da vida, mas para avaliar as ações da ciência.
A bioética tem papel fundamental para a evolução da ciência, consequentemente da medicina e para a continuidade harmoniosa entre as religiões, a população integrada ao meio e a tecnologia medicinal.
Nesse sentido, a bioética e a religiosidade nos permite compreender o homem em seu processo de envelhecimento, desvelando facetas desse momento e acolhendo-os em seu envelhecer, por meio de ações que contemplem o seu sentir, suas expectativas e necessidades. Sem dúvida que esse é um novo tema que vem se impondo como de extrema necessidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BALDESSIN, A. O idoso: viver e morrer com diginidade. In: Papaleo Neto, Matheus. Tratado de Gerontologia. . 2ª Ed. , revisada e ampliada _ São Paulo: Editora Atheneu, 2007. p. 869-878.
DALGALARRONDO, P. Religião, psicopatologia e saúde mental. Porto alegre: Artmed, 2008
DEVENS,L. Eutanásia: um ponto polêmico. In: Papaleo Neto, Matheus. Tratado de Gerontologia. . 2ª Ed. , revisada e ampliada _ São Paulo: Editora Atheneu, 2007. p. 847 – 859
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