EPILEPSIA: ESCLARECENDO ALGUNS PRECONCEITOS
Nádia Cristina Lima
1. Introdução
1.1. Epilepsia – histórico e causas
Na antiguidade clássica, as epilepsias eram vistas, do ponto de vista religioso, como doenças demoníacas. Naquela época, os pacientes já eram sacrificados porque se julgava que estivessem possuídos pelo demônio. No século XVII, acreditava-se que as epilepsias eram devidas ao excesso de atividade sexual e a castração era considerada um tratamento. 1
As epilepsias ocorrem em cerca de 0,5 a 1,0% da população mundial e incluem transtornos da função cerebral caracterizados pela ocorrência periódica e imprevisível de convulsões. 2
O acidente vascular encefálico (AVE), os tumores cerebrais, a toxoplasmose, a neurocisticercose, os traumatismos cranianos e a má formação no desenvolvimento do córtex cerebral podem ser causas de epilepsias, além do uso de bebidas alcoólicas. 2, 4
2. Desenvolvimento
2.1 Esclarecendo alguns mitos sobre a epilepsia e seus sintomas
Várias pessoas vêem as epilepsias como um conjunto de doenças contagiosas e relacionadas com “entidades demoníacas”, o que não são verdades. As epilepsias representam um conjunto de doenças neurológicas em que as células do cérebro, denominadas neurônios, tornam-se muito excitáveis e isso leva às convulsões. Por causa disso, são necessários cuidados importantes para prevenir, isto é, para evitar a manifestação clínica, que são as convulsões e, em decorrência delas, salivação, perda de consciência, corpo enrijecido, dentre outras. Em alguns casos, é comum a incontinência urinária e fecal; após a crise (poucos minutos), o paciente pode apresentar sonolência, podendo acordar com vômitos, dor de cabeça e dores musculares. 1
Muitos são os pacientes portadores de doenças epilépticas que têm receio de comentar sobre a doença que têm, uma vez que, há ainda, na sociedade, preconceitos e pré-julgamentos que provocam nos pacientes diversos constrangimentos. Isso, com certeza, é resultado do baixo nível de instrução de alguns segmentos da sociedade. O importante é que, todos os pacientes portadores de doenças, inclusive as doenças epilépticas, devem ser tratados dentro dos princípios da ética e do respeito; não existe, por exemplo, nenhum paciente que é epiléptico porque está possuído por entidades demoníacas; epilepsias não são doenças transmissíveis (não se transmite epilepsia através do contato com a saliva). No entanto, é preciso esclarecer que, o uso de bebidas alcoólicas (quaisquer que sejam elas - cerveja, vodca, vinho, conhaque, etc.) pode induzir crises convulsivas, além de reduzir muito a eficácia dos medicamentos usados para o tratamento. 4,5
As doenças epilépticas têm apresentado um aumento da incidência na infância e na terceira idade. Nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, tem-se observado um aumento da população com idade igual ou superior a 65 anos e, isso se deve à melhoria da qualidade de vida, ao uso otimizado de medicamentos e aos diagnósticos mais precisos e precoces. 3
Outra questão extremamente importante é a respeito dos medicamentos. Epilepsia não é loucura, pacientes portadores de epilepsia não são “doidos” – infelizmente, esse estigma existe, mas não é verdadeiro. Então, o uso de medicamentos como Gardenal (fenobarbital), Tegretol (carbamazepina) não é para tratamento de loucuras, muito menos podem ser considerados “remédios para doidos”, pelo contrário, os chamados medicamentos anticonvulsivantes são extremamente eficazes para o tratamento das epilepsias, não curam definitivamente, mas previnem a manifestação de novas crises epilépticas e estabilizam o quadro clínico do paciente. É fundamental que o paciente com epilepsia utilize o medicamento prescrito pelo médico (geralmente o neurologista). 1
Atualmente, têm sido muito comum o uso de medicamentos anticonvulsivantes para o tratamento de outras doenças, tais como enxaqueca, dor neuropática, transtorno do humor bipolar, dentre outras. Deste modo, é imperioso saber que nem todo indivíduo que está usando, por exemplo, Tegretol (carbamazepina), tem necessariamente epilepsia. Essa informação é importante, pois existem vários indivíduos que desistem de usar os medicamentos por julgar que lhes foi prescritos erroneamente ou algo parecido. 3,4 Finalmente é preciso lembrar que a maioria dos medicamentos anticonvulsivantes tem efeito teratogênico e, portanto, são contra-indicados em grávidas.
3. Considerações finais
A epilepsia é uma doença neurológica que exige tratamento adequado e sob supervisão de um médico neurologista. Apesar dos preconceitos e mitos que giram em torno desta doença, os pacientes portadores da mesma devem receber tratamento medicamentoso, psicoterapêutico e serem esclarecidos sobre a importância do convívio social e no ambiente de trabalho normalmente, até porque, o uso correto e a adesão aos medicamentos e demais tratamentos tornam possível uma vida normal e saudável, na qual as convulsões passam a ser controladas e evitadas.
São medicamentos anticonvulsivantes:
Controlados (tarja vermelha):
Fenobarbital (Gardenal) Fenitoína (Hidantal)
Carbamazepina (Tegretol) Oxcarbazepina (Trileptal)
Topiramato (Topamax) Valproato de sódio (Depakene)
Divalproato de sódio (Depakote) Lamotrigina (Lamictal)
Gabapentina (Neurontin)
Controlados (tarja preta):
Clonazepam (Rivotril)
Diazepam (Valium)
Lorazepam (Lorax)
Referências Bibliográficas
1- Celmo Porto. Semiologia Médica. 5ª. edição.
2- Goodman & Gilman. As bases farmacológicas da terapêutica. 11ª. edição.
3- http://www.epilepsia.org.br/epi2002/show_livro1.asp?cap=48 (acesso em 18/10/10, 11:00h).
4- Lenita Wanmacher. Farmacologia Clínica: Fundamentos da Terapêutica Racional. 3ª. edição.
5- Penildon Silva. Farmacologia. 7ª. edição.
Nádia Cristina Lima
1. Introdução
1.1. Epilepsia – histórico e causas
Na antiguidade clássica, as epilepsias eram vistas, do ponto de vista religioso, como doenças demoníacas. Naquela época, os pacientes já eram sacrificados porque se julgava que estivessem possuídos pelo demônio. No século XVII, acreditava-se que as epilepsias eram devidas ao excesso de atividade sexual e a castração era considerada um tratamento. 1
As epilepsias ocorrem em cerca de 0,5 a 1,0% da população mundial e incluem transtornos da função cerebral caracterizados pela ocorrência periódica e imprevisível de convulsões. 2
O acidente vascular encefálico (AVE), os tumores cerebrais, a toxoplasmose, a neurocisticercose, os traumatismos cranianos e a má formação no desenvolvimento do córtex cerebral podem ser causas de epilepsias, além do uso de bebidas alcoólicas. 2, 4
2. Desenvolvimento
2.1 Esclarecendo alguns mitos sobre a epilepsia e seus sintomas
Várias pessoas vêem as epilepsias como um conjunto de doenças contagiosas e relacionadas com “entidades demoníacas”, o que não são verdades. As epilepsias representam um conjunto de doenças neurológicas em que as células do cérebro, denominadas neurônios, tornam-se muito excitáveis e isso leva às convulsões. Por causa disso, são necessários cuidados importantes para prevenir, isto é, para evitar a manifestação clínica, que são as convulsões e, em decorrência delas, salivação, perda de consciência, corpo enrijecido, dentre outras. Em alguns casos, é comum a incontinência urinária e fecal; após a crise (poucos minutos), o paciente pode apresentar sonolência, podendo acordar com vômitos, dor de cabeça e dores musculares. 1
Muitos são os pacientes portadores de doenças epilépticas que têm receio de comentar sobre a doença que têm, uma vez que, há ainda, na sociedade, preconceitos e pré-julgamentos que provocam nos pacientes diversos constrangimentos. Isso, com certeza, é resultado do baixo nível de instrução de alguns segmentos da sociedade. O importante é que, todos os pacientes portadores de doenças, inclusive as doenças epilépticas, devem ser tratados dentro dos princípios da ética e do respeito; não existe, por exemplo, nenhum paciente que é epiléptico porque está possuído por entidades demoníacas; epilepsias não são doenças transmissíveis (não se transmite epilepsia através do contato com a saliva). No entanto, é preciso esclarecer que, o uso de bebidas alcoólicas (quaisquer que sejam elas - cerveja, vodca, vinho, conhaque, etc.) pode induzir crises convulsivas, além de reduzir muito a eficácia dos medicamentos usados para o tratamento. 4,5
As doenças epilépticas têm apresentado um aumento da incidência na infância e na terceira idade. Nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, tem-se observado um aumento da população com idade igual ou superior a 65 anos e, isso se deve à melhoria da qualidade de vida, ao uso otimizado de medicamentos e aos diagnósticos mais precisos e precoces. 3
Outra questão extremamente importante é a respeito dos medicamentos. Epilepsia não é loucura, pacientes portadores de epilepsia não são “doidos” – infelizmente, esse estigma existe, mas não é verdadeiro. Então, o uso de medicamentos como Gardenal (fenobarbital), Tegretol (carbamazepina) não é para tratamento de loucuras, muito menos podem ser considerados “remédios para doidos”, pelo contrário, os chamados medicamentos anticonvulsivantes são extremamente eficazes para o tratamento das epilepsias, não curam definitivamente, mas previnem a manifestação de novas crises epilépticas e estabilizam o quadro clínico do paciente. É fundamental que o paciente com epilepsia utilize o medicamento prescrito pelo médico (geralmente o neurologista). 1
Atualmente, têm sido muito comum o uso de medicamentos anticonvulsivantes para o tratamento de outras doenças, tais como enxaqueca, dor neuropática, transtorno do humor bipolar, dentre outras. Deste modo, é imperioso saber que nem todo indivíduo que está usando, por exemplo, Tegretol (carbamazepina), tem necessariamente epilepsia. Essa informação é importante, pois existem vários indivíduos que desistem de usar os medicamentos por julgar que lhes foi prescritos erroneamente ou algo parecido. 3,4 Finalmente é preciso lembrar que a maioria dos medicamentos anticonvulsivantes tem efeito teratogênico e, portanto, são contra-indicados em grávidas.
3. Considerações finais
A epilepsia é uma doença neurológica que exige tratamento adequado e sob supervisão de um médico neurologista. Apesar dos preconceitos e mitos que giram em torno desta doença, os pacientes portadores da mesma devem receber tratamento medicamentoso, psicoterapêutico e serem esclarecidos sobre a importância do convívio social e no ambiente de trabalho normalmente, até porque, o uso correto e a adesão aos medicamentos e demais tratamentos tornam possível uma vida normal e saudável, na qual as convulsões passam a ser controladas e evitadas.
São medicamentos anticonvulsivantes:
Controlados (tarja vermelha):
Fenobarbital (Gardenal) Fenitoína (Hidantal)
Carbamazepina (Tegretol) Oxcarbazepina (Trileptal)
Topiramato (Topamax) Valproato de sódio (Depakene)
Divalproato de sódio (Depakote) Lamotrigina (Lamictal)
Gabapentina (Neurontin)
Controlados (tarja preta):
Clonazepam (Rivotril)
Diazepam (Valium)
Lorazepam (Lorax)
Referências Bibliográficas
1- Celmo Porto. Semiologia Médica. 5ª. edição.
2- Goodman & Gilman. As bases farmacológicas da terapêutica. 11ª. edição.
3- http://www.epilepsia.org.br/epi2002/show_livro1.asp?cap=48 (acesso em 18/10/10, 11:00h).
4- Lenita Wanmacher. Farmacologia Clínica: Fundamentos da Terapêutica Racional. 3ª. edição.
5- Penildon Silva. Farmacologia. 7ª. edição.
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