Jeane Iris de França Gentilini
A Bioética, surgida em 1970, contribui significativamente quando se procura respostas ante os conflitos da atualidade. Diante de tantos temas emergentes importantes e complexos envolvendo seres humanos, a Bioética apresenta-se possibilitando a construção de visões complexas da totalidade concreta, no qual se insere a problemática conflituosa que se pretende investigar. A partir desta visão pluridimensional, o tema “A expressão da sexualidade feminina a partir da crença religiosa”, envolve as relações entre o sentido da sexualidade, como possibilidade de realização de prazer ou reprodução, construído a partir das vivências religiosas de cada mulher. Crença, entendida como uma postura particular e personalizada, que influencia cada ser humano de forma diferenciada, conforme Albuquerque (1998, p. 34) diz: “a decisão por uma crença não se dá em função do que objetivamente aconteceu, mas do que a pessoa percebeu em função do que aconteceu”. Religião, entendida como uma forma de criação e recriação constante, inserida e construída na própria crença, um fenômeno social que possibilita ao homem conhecer e viver no mundo (Durkheim , 1912/1960, p. 494). A sexualidade historicamente determinada, se apresenta de forma diferenciada para cada indivíduo, visto que tem caráter histórico e cultural, conforme Catoné (1994, p. 7) “(...) cada sociedade inventa a sexualidade que pode inventar”. Neste contexto, a sexualidade não se restringe a um conceito meramente biológico, apesar de ser comumente referenciada e associada ao sexo ou relação sexual na sociedade de uma maneira geral. Alvo de diferentes conceitos e interpretações, a sexualidade aqui se apresenta fundamentada nos pressupostos de Weeks (2001, p. 38) “embora o corpo biológico seja o local da sexualidade [...] é mais do que simplesmente o corpo [...] tem haver com as nossas crenças [...]”. A história da sexualidade feminina é marcada pela história da humanidade, suas crenças e suas religiões. A finalidade do ato sexual, como prazer ou procriação, é marcada pela cultura vigente na sociedade e sofre influência dos valores construídos pelas vivências religiosas de cada mulher e pelo contexto social no qual estão inseridas. As escolhas são influenciadas e sofrem uma pressão da crença estabelecida, podendo gerar conflitos na prática sexual desenvolvida. Os sistemas de crença são determinantes para a manutenção do poder das religiões e para a conservação da ordem religiosa, influenciando e atuando nos meios sociais. Os meios sociais também inferem impactos sobre as religiões, trazendo para a contemporaneidade a discussão sobre as influências das crenças sobre a sexualidade num contexto mult-inter –transdisciplinar. Este tema sugere impulsionamento nas áreas de pesquisas a fim de promover uma discussão ampla sobre a influência da religião na identidade sexual feminina, para a compreensão dos comportamentos e aplicação dos valores e crenças na sexualidade.
Referências Bibliográficas:
ALBUQUERQUE, C.C.P. (1998). A crença é a diferença. Belo Horizonte: Oficina de Arte e Prosa.
CATONÉ, J-P. (1994). A sexualidade, ontem e hoje. São Paulo: Cortez.
DURKHEIM, E. (1912-1960) As formas elementares de vida religiosa – o sistema totêmico na Austrália. 2. ed. São Paulo: Paulus.
WEEKS, J. (2001). O corpo e a sexualidade. In: Louro, Guacira Lopes (Org.) O corpo educado – Pedagogia da sexualidade. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica.
Um comentário:
Jeane, preciso falar com vc. Voltei a morar no Rio de Janeiro. Me Liga 21-83284342. Shirley Lima
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